A vereadora Aline Biezus iniciou sua fala manifestando repúdio à violência política de gênero, após ter sido alvo de memes e montagens depreciativas decorrentes de sua viagem a Brasília. Ela ressaltou que o desrespeito sofrido por ser mulher e representante de um partido de direita não será tolerado, afirmando que o respeito independe de posicionamento político e é um princípio básico da convivência democrática. Lamentou que, ao contrário dos colegas homens que também viajaram, só ela tenha sido ridicularizada, o que caracteriza um ataque de cunho discriminatório e sexista.
Sobre a viagem, explicou que o objetivo principal foi buscar recursos para o município de Francisco Beltrão, especialmente para a área da saúde, com foco na ampliação do teto MAC. Segundo ela, o município gasta mais de R$ 6 milhões mensais para manter os três hospitais, enquanto o repasse federal cobre pouco mais de R$ 4 milhões, o que inviabiliza a manutenção adequada dos serviços de saúde.
Aline detalhou a necessidade de modernização da estrutura de saúde, com destaque para:
Construção do novo CAPS, com solicitação de mais de R$ 3 milhões;
Investimento em telemedicina, com foco em especialidades como hematologia, por meio de kits tecnológicos previstos em projeto federal;
Solicitação de recursos para uma UBS tipo 3, embora este item não tenha sido tratado como prioritário;
Mudanças no repasse de verbas federais, que agora exigem cadastro prévio de procedimentos antes da liberação dos recursos para cirurgias eletivas.
Por fim, destacou seu Projeto de Lei aprovado, que institui uma semana de prevenção ao câncer de próstata no município durante o Novembro Azul. A iniciativa tem como objetivo ampliar o acesso dos homens a exames preventivos, combatendo o diagnóstico tardio de doenças graves e promovendo ações de saúde nos ambientes de trabalho ou em horários diferenciados. Ela enfatizou que mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata são diagnosticados anualmente no Brasil, sendo 30% dos cânceres entre homens, e que a prevenção é essencial.
Concluiu reforçando o papel fiscalizador e articulador dos vereadores para garantir a eficiência da gestão da saúde pública.
O vereador Emanuel Venzo iniciou sua fala relatando dados obtidos por meio de requerimento junto à Assistência Social, os quais demonstram que Francisco Beltrão conta com 6.787 pessoas atendidas pelo programa Bolsa Família, distribuídas em mais de 2.200 famílias. Dentre elas, 809 homens e 1.796 mulheres com idades entre 18 e 49 anos, faixa considerada aptas ao trabalho.
Diante disso, ele expressou preocupação com o alto número de pessoas em situação de dependência do auxílio, e sugeriu a criação de um programa local semelhante ao adotado pelo município de Bento Gonçalves (RS), que visa estimular a saída do assistencialismo, por meio de ações de reinserção no mercado de trabalho. Emanuel criticou a política assistencialista do governo federal, afirmando que isso prende as pessoas à dependência e ao "voto de cabresto".
Em seguida, o vereador criticou os gastos com o Beltrão Rock Festival, que, segundo ele, totalizaram R$ 119 mil pagos com recursos públicos, incluindo verbas da Lei Aldir Blanc. Ele questionou a prioridade da gestão municipal, afirmando que esses recursos poderiam ser direcionados para a área da saúde, que enfrenta carência de profissionais como fonoaudiólogos e dificuldades em atender cirurgias e exames. Citou o exemplo de uma pessoa que o procurou por estar há muito tempo aguardando uma cirurgia ortopédica.
Emanuel também apontou irregularidades no processo licitatório do festival, mencionando que houve um erro no edital original (com valor de R$ 6.000), sendo necessária a abertura de nova licitação no valor de R$ 15.000.
Finalizou sua fala defendendo uma revisão de prioridades do poder público, sugerindo que eventos como esse poderiam ser realizados com bilheteria, uma vez que o público geralmente tem poder aquisitivo suficiente para pagar ingresso, preservando os recursos públicos para áreas essenciais como saúde.
A vereadora Mara Fornazari Urbano iniciou sua fala expressando apoio à manifestação da vereadora Aline Biezus, em repúdio à violência política de gênero sofrida após sua ida a Brasília. Mara destacou que, embora o episódio tenha ocorrido com Aline, poderia ter acontecido com qualquer outra mulher, reforçando a importância de respeito institucional e da postura ética, principalmente neste primeiro ano em que quatro mulheres compõem o Legislativo de Francisco Beltrão.
Comentou que a viagem a Brasília, sua primeira experiência na capital federal, teve um propósito claro: busca de recursos e fortalecimento das redes públicas institucionais, participando do Encontro da Rede Legislativa. Defendeu a valorização da comunicação institucional, destacando que a TV digital, YouTube e rádio são ferramentas complementares que devem ser utilizadas de forma integrada para ampliar o acesso à informação.
Em relação às conquistas em Brasília, a vereadora anunciou a confirmação de R$ 400 mil em recursos federais, via Ministério das Mulheres, fruto de articulações do Partido dos Trabalhadores com a ministra Gleisi Hoffmann. O valor será destinado, prioritariamente, a ações de acolhimento emergencial a mulheres vítimas de violência, aluguel social, estruturação da Secretaria da Mulher e ações públicas de conscientização, como a “Caminhada do Meio-Dia”, marcada para 22 de julho.
Mara também propôs o uso de parte desses recursos para reforço psicológico especializado às mulheres atendidas na rede de proteção, incluindo ações voltadas aos mais de 80 clubes de mães do município, que mobilizam mais de 2.000 mulheres, muitas vezes invisibilizadas nas políticas públicas.
Outro tema abordado foi a prevenção de arboviroses, como a dengue e o zika vírus. Mara destacou sua indicação sobre a implantação de uma fábrica de mosquitos com a bactéria Wolbachia em Francisco Beltrão e relatou a reunião com técnicos do Ministério da Saúde. Afirmou que a prevenção é estratégica e mais econômica que os custos decorrentes de sequelas, como as associadas à síndrome congênita do zika vírus.
Por fim, a vereadora defendeu o Programa Bolsa Família, em contraponto à crítica feita anteriormente pelo vereador Emanuel Venzo. Citou estudos que apontam que mais de 700 mil vidas foram salvas e 8 milhões de internações foram evitadas ao longo de duas décadas, devido à segurança alimentar proporcionada pelo programa. Também destacou que a maioria dos beneficiários são mulheres, o que se relaciona à divisão desigual do trabalho de cuidado, defendendo o auxílio como instrumento temporário de dignidade em um país ainda profundamente desigual.
Concluiu sua fala reafirmando seu compromisso com justiça social, respeito institucional e a defesa de políticas públicas que promovam dignidade, especialmente para as mulheres.
O vereador Marcos Folador iniciou sua fala solidarizando-se com a vereadora Aline Biezus, repudiando o episódio de violência política de gênero relatado anteriormente. Reforçou que o respeito mútuo deve ser base da convivência no Legislativo, lembrando que todos estão ali para trabalhar pelo bem comum da população de Francisco Beltrão, e não por interesses partidários.
Convidou os colegas e a comunidade a participarem da audiência pública sobre Educação Especial, que ocorrerá nesta quarta-feira às 19h15 na Câmara de Vereadores, com o objetivo de ouvir demandas da comunidade escolar, debater as condições atuais da educação especial nas escolas municipais, e propor encaminhamentos legislativos que contribuam com melhorias tanto para alunos quanto para profissionais da área.
Na sequência, destacou o lançamento do Plebiscito Popular Nacional, do qual Francisco Beltrão também faz parte. Informou que estão sendo organizados pontos de coleta de votos com urnas, abordando duas temáticas principais:
A escala de trabalho 6x1, questionando seus impactos sobre a vida da classe trabalhadora;
A taxação de grandes fortunas, tema considerado essencial para reduzir as desigualdades sociais no país.
Folador defendeu o plebiscito como instrumento de participação popular e uma forma de estimular o debate sobre pautas relevantes que muitas vezes não ganham espaço no Congresso Nacional. Encerrou afirmando que é preciso aprofundar o diálogo com a população e buscar soluções para melhor distribuição de renda e justiça fiscal.
Reafirmou seu compromisso com o diálogo democrático, respeito institucional e a construção de políticas públicas inclusivas para a população beltronense.
O vereador Policial Oberdan iniciou sua fala solidarizando-se com a vereadora Aline Biezus, reconhecendo a gravidade do episódio de desrespeito vivido por ela e destacando que o respeito mútuo é essencial no trabalho legislativo. Relatou também já ter sido vítima de chacotas em grupos e criticou posicionamentos extremistas, defendendo o equilíbrio, a moderação e a empatia nas relações políticas e sociais.
Reforçou que o papel de quem ocupa cargos públicos é garantir direitos a todos, sem exclusões de qualquer natureza – seja por cor, classe, orientação sexual, gênero ou etnia. Destacou os avanços com a criação de secretarias da Mulher em nível estadual e municipal e reafirmou que o mais importante é assegurar que leis garantam direitos à população.
Em resposta a falas anteriores do vereador Emanuel Venzo, discordou de algumas críticas feitas – especialmente quanto ao questionamento de gastos em políticas para mulheres – e citou que tais levantamentos podem ser feitos com os recursos e equipes já existentes nas secretarias.
Fez também críticas a declarações anteriores de Venzo sobre supostos funcionários públicos que quebravam máquinas para não trabalhar, cobrando a apresentação de provas para tais afirmações.
Agradeceu o apoio da vereadora Mara Fornazari e destacou o trabalho conjunto com parlamentares e autoridades, como a deputada Leandre e o ex-deputado Ademar Traiano, que anunciou R$ 2 milhões para pavimentação e R$ 1 milhão para projetos sociais no município, incluindo um centro de convivência no bairro Pinheirinho.
Oberdan ainda abordou temas relacionados à segurança pública, como o recente ataque em uma escola na cidade de Estação, ligando o ocorrido à falta de estrutura em saúde mental. Defendeu a necessidade de melhor aplicação de recursos, reforçando que o investimento preventivo em saúde pode evitar tragédias.
Relatou também reunião marcada com representantes do Consórcio Intermunicipal (CONSUD) e a 8ª Regional de Saúde, para discutir a implantação de um CAPS-i (Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil) em Francisco Beltrão. Apontou que o atendimento psicológico a crianças e adolescentes está muito deficiente, com esperas de até seis meses, o que pode agravar situações e gerar consequências graves.
Finalizou ressaltando a importância de unir esforços entre Legislativo e Executivo para viabilizar ações estruturantes em saúde, assistência e educação, sempre com foco no bem-estar da população.
O vereador Cidão iniciou sua fala reforçando o convite para a audiência pública sobre Educação Especial, que ocorrerá no dia seguinte, destacando a importância do debate diante do crescimento das demandas na área e da necessidade de encontrar soluções conjuntas com a comunidade escolar, profissionais da educação e o Executivo.
Em seguida, comentou a respeito da Parceria Público-Privada (PPP) do esgoto em Francisco Beltrão, reforçando a importância do diálogo entre a administração municipal e a empresa responsável, a fim de resolver os pontos críticos do serviço. Propôs a formulação de um documento da Câmara Municipal a ser encaminhado ao Executivo e à empresa, com demandas levantadas diretamente pelos vereadores em contato com a população.
O vereador também abordou questões relacionadas à tramitação de projetos na Câmara, especialmente após debate entre os vereadores Emanuel Venso e Mara Fornazari. Esclareceu que, conforme o regimento interno atual, o parecer jurídico não é obrigatório, sendo uma prerrogativa das comissões. Afirmou que, com o novo concurso público e a contratação prevista de um novo assessor jurídico, a expectativa é que, a partir do próximo ano, todos os projetos tenham análise jurídica prévia.
Parabenizou a vereadora Maria de Fátima pela indicação sobre melhorias nos pontos de ônibus, mencionando a existência de recursos federais disponíveis no fundo de transporte. Defendeu o uso desses valores para ampliar e qualificar a estrutura dos abrigos. Também comentou a necessidade de realizar uma audiência pública sobre o transporte coletivo, dada a proximidade do fim do contrato com a empresa atual e a falta de movimentações para nova licitação. Destacou que o tema deve ser debatido pela Câmara ainda este ano.
Finalizou solidarizando-se com a vereadora Aline Biezus, que relatou ter sido alvo de ataques. Cidão reconheceu a legitimidade de sua indignação e afirmou que, como presidente da Câmara, irá apurar se houve envolvimento interno, acionando os mecanismos previstos no regimento e no código de ética. Compartilhou sua própria experiência com ataques virtuais e ressaltou que, muitas vezes, as críticas e chacotas surgem quando o trabalho do vereador começa a incomodar positivamente. Incentivou Aline a seguir firme, representando as mulheres e sua comunidade.
Cidão concluiu destacando que, apesar da exposição inerente à vida pública e aos ataques nas redes sociais, os parlamentares devem manter a postura firme, ética e resiliente, sempre focados no bem da população.